sexta-feira, 24 de junho de 2011

Sossega coração!

Amanhecer em Arambaré 2009
Minha pouca inspiração para escrever o que estou sentindo faz com que o silencio domine meu blog. Tento não postar amenidades e futilidades, porém é difícil descrever os sentimentos que habitam nossa mente, nosso coração, até mesmo nossas indignações são restritas pela ética ou pela moralidade. Quando nascemos recebemos o dom divino da cognição, daí em diante cabe a nós buscarmos conhecimento, e diante disso formar opiniões que muitas vezes esbarram nos interesses alheios.  Infelizmente a vida é cheia destes subterfúgios e assim vamos falando...falando e não dizendo nada.
Então vou deixar para vocês um poema do meu poeta favorito, depois de Castro Alves, é claro!

Sossega coração! Não desesperes!
Solar - Salvador/Ba 2008
Fernando Pessoa, 2-8-1933. 



Sossega coração! Não desesperes! 
Talvez um dia, para além dos dias, 
Encontres o que queres porque o queres. 
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres. 

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo! 
Pobre esperança a de existir somente! 
Como quem passa a mão pelo cabelo 
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo! 

Sossega coração, contudo! Dorme! 
O sossego não quer razão nem causa. 
Quer só a noite plácida e enorme, 
A grande, universal, solente pausa.
Antes que tudo em tudo se transforme.


          


Um comentário:

  1. Acredito que no final sempre conseguimos passar algo de nós, que nos aflige para ganhar mundo e retemos algo que é nosso, é interno e não conseguimos dividir...
    É como uma oração silenciosa.
    Bom fim de semana!

    ResponderExcluir