Olhando meu álbum de fotos, percebi que a minha infância foi linda, saudável e inesquecível. Minha mãe era uma mulher elegante e louca por futebol, tanto que casou com um jogador, na época meu pai era zagueiro do Grêmio. Morávamos em Porto Alegre, no Menino Deus. Por volta de 1965 meu pai foi transferido para o Farroupilha, em Pelotas, nossa casa ficava perto do centro, e sempre que podia acompanhava meu pai nos treinos, ficava brincando pelo campo, pois nunca achei interessante aquele jogo onde tanto corriam atrás de apenas uma bola. Quando meu pai foi contratado pelo Internacional, voltamos a morar em Porto Alegre, na Praia de Belas, de frente para o Guaíba, via o por do sol pela janela do meu quarto. A vida era maravilhosa, farta e com muitas viagens. Muitas bonecas e todos os tipos de brinquedos, e tive a possibilidade de estudar nos melhores colégios da capital. Moramos em Paranaguá, Curitiba, Bandeirantes e em 1970 fomos morar no Rio de Janeiro, minha mãe trabalhava na SEARS, meu pai estava sem time e eu estudava no Colégio Rezende, um dos melhores da capital carioca. Não me adaptei ao Rio, queria vir embora para casa e vim, com nove anos embarquei com meu pai de volta ao pago, fiquei com minha avó em Tapes até minha mãe voltar para o sul. Enquanto meus pais construíam nossa casa em Tapes, moramos em diversos locais, perdi a conta de quantas vezes troquei de escola. Íamos passar as férias na casa da nossa avó, meus primos e primas também, a cada verão tínhamos um monte de histórias para contar.
Hoje, conversando com uma amiga, ele contou-me que tinha trauma de nunca ter tido uma bota quando era criança, por isso agora compra todas que pode. Parei para pensar, sempre tive tudo que quis,principalmente atenção, carinho e amor da minha família. Será que minha infância não deixou nenhuma carência? Acho que sim, sinto falta de amigos de infância, dos laços de amizade que só aqueles, que cresceram juntos possuem, não pude cultivar os amigos e colegas de infância porque mudamos de cidade muitas vezes. Por isso quando mudamos para Gravataí, estava decidida a criar raízes nesta cidade. Estava certa, pois hoje tenho amigos e amigas incríveis e tenho a nítida sensação de conhecê-los a vida toda, e é isso que vale!
Um abraço a todos.